Sobre a personalidade de Jung. León Bonaventure

Para termos uma melhor compreensão sobre a Psicologia Analítica, tenho como intuito discorrer primeiramente um pouco sobre a personalidade deste grande homem que foi Carl Gustav Jung.

Quando nos aproximamos do pensamento junguiano, nos deparamos com relatos de pessoas que acompanhavam e acompanham seu trabalho, assim podemos ter uma percepção mais apurada de quem se tratava ser Jung e sua psicologia.

Como por exemplo, em Fundamentos de Psicologia Analítica encontramos textos oriundos de cinco conferências de Jung em Londres, que ele realizou aos 60 anos. O que seria uma grande vantagem pois nessa fase da vida, já amadurecido e com uma farta experiência clínica e de estudos, temos o privilégio de poder nos deparar com suas próprias ideias. As conferências foram expostas diante de um auditório extremamente crítico, composto em sua maioria de profissionais que possuíam conhecimento e experiência clínica, que ia desde psicanalistas até médicos e professores.

Jung era altamente qualificado em seu conhecimento acadêmico e pessoal, era extremamente culto e dificilmente há algum assunto pelo qual ele não tenha mencionado ou se interessado. Mesmo assim, sua maior preocupação era trazer esse conhecimento de forma que fosse útil ao homem diante da vida, de suas questões e de seus conflitos. Ao percebermos isso, passamos a admirar cada vez mais a personalidade deste grande mestre e nos atentamos ao que realmente importa dentro de sua psicologia. 

Segundo Bonaventure (2008, prefácio p. 10)

Não sinto vocação de discípulo que deseja a todo custo fazer a apologia de seu mestre. Jung a dispensa. Isto não impede que, baseando-me principalmente no texto destas conferências, não queira valorizar alguns traços dominantes da personalidade deste grande psicólogo suíço e indiretamente da psicologia analítica. Minha própria experiência analítica, assim como meu trabalho cotidiano de psicoterapeuta, permitiram-me observar quanto a perspectiva analítica junguiana responde às necessidades da alma contemporânea. Ela nos tira do isolamento do eu e de uma problemática excessivamente pessoal, abrindo-nos as portas para as riquezas do mundo interior e ajudando-nos desse modo a realizar nossa vocação no mundo [….] o leitor não deixará de notar o humor e a simplicidade com os quais Jung expõe  suas próprias ideias. Uma jovialidade e originalidade de espírito acrescentam muito sabor e variadas nuanças ao seu pensamento. Ele poderia muito bem impressionar seu auditório, empregando fórmulas preciosas – pois se dirigia aos senhores doutores – mas preferia falar uma linguagem simples e acessível […. ] Aqui se revela o verdadeiro Jung, para quem uma psicologia é tanto mais justa quanto mais próxima permanece da vida.

Referência Bibliográfica

JUNG, Carl Gustav, Fundamentos de Psicologia Analítica; prefácio e introdução de Léon Bonaventure. 14 ed. – Petrópolis: Vozes, 2008.

Texto e imagem:

Alessandra M. Esquillaro – Psicóloga CRP 06/97347

Publicado no blog do Instituto Freedom

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