Jung Empirista

Dando continuidade à exploração e explicitação acerca de pontos importantes sobre a personalidade de Carl Gustav Jung, é de vital importância mencionar sua característica de pesquisador empirista voltado aos fenômenos da experiência, tanto externa quanto internamente.

Jung possuía a necessidade de experienciar o que apreendia através dos livros e da observação de situações e acontecimentos. Para ele a psicologia analítica só fazia sentido, só existia em si mesma através da prática clínica, da experiência.

Muitas de suas falas e produções, por abarcarem universos simbólicos, mitológicos e subjetivos foram interpretadas como se ele fosse uma pessoa mística, fato que ele mesmo sabia e se fazia ele mesmo alvo de chacotas sarcásticas e bem humoradas a respeito disso.

Mas na verdade para Jung o que era real era a realidade psíquica e a experiência que o indivíduo tinha dentro desta, junto com suas experiências da vida prática. Sua exploração inicial acontecia através dos atendimentos com seus pacientes, e ele trabalhava esses conteúdos elaborando-os com cuidado e esmero.

Segundo Bonaventure (2008, prefácio p. 11)

Jung nesse sentido foi um grande homem, pois diante da complexidade da alma humana era bastante consciente dos limites de suas próprias pesquisas e da capacidade da mente humana. […] pesquisador infatigável e ávido de dados experimentais e fatos concretos. O que o preocupa, sobremaneira, é ajudar o homem contemporâneo nas suas perturbações e conflitos interiores. Para isso procura, primeiramente, circunscrever e descrever os fenômenos psíquicos tais como eles se apresentam, sem a preocupação de encaixá-los numa teoria. Ele permanece, pois, num nível fenomenológico, porque não acredita que se possa, atualmente, fazer uma síntese de nossos conhecimentos psicológicos. A única preocupação de Jung não é dizer a última palavra sobre um fato, mas descrevê-lo, convidando-nos a penetrar na sua realidade. Às vezes parece confuso e difícil para o leitor acompanhá-lo, porque apresenta, tratando de um assunto, numerosos pontos de vista. Neste sentido seu pensamento intuitivo o ajuda. Mas não nos enganemos, sob esta confusão aparente surge o homem que se dá o trabalho de definir da maneira mais precisa os termos que ele emprega.

Referência Bibliográfica

JUNG, Carl Gustav, Fundamentos de Psicologia Analítica; prefácio e introdução de Léon Bonaventure. 14 ed. – Petrópolis: Vozes, 2008.

Texto feito para o blog do Instituto Freedom:

Alessandra M. Esquillaro – Psicóloga CRP 06/97347

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